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Em primeira mão

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O rádio é um veículo de comunicação muito querido em Santa Maria. Não é por acaso o expressivo número de emissoras que temos na cidade. Além disso, sempre fomos formadores de grandes radialistas. Alguns seguem por aqui, para a felicidade dos ouvintes. Outros tomaram o rumo do mundo, espraiando seus talentos.

Nesse rol de radialistas, temos profissionais das mais diversas características e para todos os gostos. E, dentre tantos, tem um com uma forma toda peculiar de se expressar ao microfone. É diferente no seu jeito de fazer rádio. Pela simplicidade e espontaneidade. Pela dedicação e pelo carisma. É um dos mais antigos em atividade, mas segue em plena forma, com muito chão pela frente.

Pelo nome, muitos podem ter dificuldade em saber quem é. Na certidão de nascimento, foi batizado como Jorge da Costa Rodrigues. Mas na vida, na profissão e na história será sempre reconhecido e lembrado como Faísca. O apelido ficou tão famoso que foi incorporado ao nome. Aliás, corrijo. O nome foi incorporado ao apelido, ficando subordinado a este.

Faísca construiu sua trajetória apoiado em dois pilares: o futebol e o carnaval, duas paixões do brasileiro. No futebol, viveu e contou os grandes momentos da dupla Rio-Nal nas últimas décadas, sempre defendendo nossos clubes com unhas e dentes. Também é um divulgador e apoiador ferrenho do futebol amador, ao qual sempre chamou de "o meu amador", como que proferindo uma declaração de amor ao futebol de várzea, considerado, por muitos, o maior do Brasil e que movimenta uma legião de jogadores aos finais de semana.

Como quase todos os profissionais do rádio, Faísca tem os seus bordões. Um deles, e creio que o mais conhecido, dá título a esta coluna. Ao divulgar as notícias, costuma dizer que está dando em primeira mão. Algumas vezes, a notícia já vem requentada. Mas não tem problema. O que importa para nós, ouvintes, é escutar esse simpático bordão antecipando cada informação. E, se possível, acompanhado por uma batida na mesa.

Faísca desenvolveu um estilo todo seu de fazer rádio. Sua linguagem nunca foi rebuscada. Mas foi justamente na forma simples de se comunicar que conquistou o seu público. Às vezes, pode se atrapalhar um pouco em alguma informação ou comentário. Outras vezes, pode falar rápido demais. Mas consegue, inegavelmente, fazer do rádio uma extensão da nossa casa. Uma conversa entre amigos. Um bate-papo informal.

Dentre suas qualidades, uma sempre me chamou a atenção. Nos seus espaços radiofônicos, só fala do futebol de Santa Maria. Recusa-se a falar em dupla Gre-Nal. Lembro, inclusive, de escutá-lo interrompendo entrevistados que começavam a falar em Grêmio e Inter. Com ele, a dupla Gre-Nal nunca teve vez. É completamente bairrista. E sempre o admirei por isso. Tenho certeza que se a maioria da comunidade fosse como ele, nossos times estariam em outro patamar.

Com mais de 45 anos na comunicação, sua trajetória profissional é marcada pela lealdade e comprometimento, em especial com a Rádio Santamariense, onde tem mais de 35 anos de história. Recordo do carinho e do apreço que tinha pela sua então diretora Zaira de Grandi, a quem considerava um misto de amiga e de madrinha, sentimento esse que também nutre pelos demais colegas de empresa e do rádio em geral.

Assim, descrevi um pouco da história de Jorge "Faísca" Rodrigues, um dos mais queridos comunicadores de Santa Maria. Uma lenda viva do rádio santa-mariense. Em primeira mão.

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